quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Madame

A leveza de minh’alma é aprisionada pelo peso de minha consciência.

Estou certa, quando muda, posso ouvir além do pensamento.
Não estou embriagada. Apesar de meu copo conter apenas a saliva que ejaculou de minha língua quando a custo de muito esforço conseguiu lamber o suor do velho whisky que a pouco transbordava deste mesmo copo e que agora impregna este mesmo corpo.

Estas mãos enrugadas que dedilham sobre o teclado irrigado, já obtiveram o perdão pela frieza que se dedicam a descrever o que os curiosos olhos não se deixam selar. Curiosos observadores de tudo que desponta no seu raio de ação como voyeres que se excitam a qualquer forma inanimada.
Delibero a legitimidade da estupidez humana por não conseguir ser nada além do que, hoje, eles são. A retórica de minha imagem.
A sensação febril quase me convence da miragem que ilustra as frestas de minha janela. O espetáculo convulsivo dos corpos sedentos da condição de poder dá a eles a maquilagem ofuscante da condição humana. Refletores do cárcere de suas almas que parasitam tudo aquilo que coroa o caráter.
Não somos Deus, e ainda que filhos, não temos o poder de nossos pais. Não procriamos a onipotência. Nossa onipresença se dá pelo pó preto de nossas fábricas que bailam no ar sem resistência até residirem na natureza como registro de nossa presença.
Não nego o que sou.
Mas enfrento os demônios que fazem da consciência humana sua morada.
Heroína? Não! A minha glória não está na salvação do homem, mas na emancipação da razão humana.

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