domingo, 1 de novembro de 2009

Auto ajuda

A liquidez tátil do pensamento intangível assola a lápide do verbo morto, encardenando em sepulcro os poemas que não li.
Manoel Cortez sofria da maldição que corrompia a sensatez do indivíduo contemporâneo. O hábito de escrever o fazia imigrante na vida moderna.
Fui esta tarde ao lançamento do seu terceiro livro, “Ao querido com repulsa”. Ainda não tive tempo de ler, por isso não vou me ater ao livro.
No lançamento, haviam vários outros escritores, entre a maioria, escritores de auto-ajuda.
Tratei de manter certa distância. Escritores deste gênero possuem um parasita cerebral que se alimenta do encéfalo tornando-os casulos dispensáveis, cuja função é proferir palavras contaminadas aos ouvidos desta grande massa acéfala chamada sociedade “pós-moderna”.
Infelizmente, nem toda distância possível é capaz de assegurar a seus ouvidos a surdez necessária para calar citações medíocres de rodapé de alto ajuda.
Braga, um famoso escritor de auto-ajuda veio em minha direção e disse:
- Sorria de alegria tão somente por estar viva!
Calei a minha voz, mas não meu pensamento.
“Como poderia ter alegria sabendo que ele ainda respirava?“
Após a rápida conversa com Braga. Despedi-me de Manoel e fugi ligeira para o meu cabaret, para a minha taça de vinho...    

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