quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Século sob censura.

É quando vejo derramadas as lágrimas da experiência que me deparo com o corpo velado da áurea na cova rasa desta sociedade. Os dias lentos que me sustentam também assustam a esperança que de mim já se esvai, deixando apenas um rastro efêmero de sonhos abandonados à moda e enclausurados por vãs ideologias.
Às vezes lamento por esse século e anseio a condição de cão. Ah! Feliz é o cão que veio ao mundo na condição de ser simplesmente um cão e que sobre suas duas patas, ainda, não desejou conquistar o mundo, as terras, os continentes, os mares ou o próprio homem, quem sabe? Um cão conquista sobre suas quatro patas a liberdade que por milênios os homens sonharam e se quer chegaram perto de alcançar. Há pessoas que precisam cuspir de dentro de suas entranhas os grunhidos que habitam sua alma incoerente e com golpes de esgrima ferir a própria face, desmascarar o palhaço sem circo e finalmente criar uma nova face de si, reinventar-se, renegar-se sua condição como cópia serial de um mundo publicado e publicável. Ouso declarar um século sob censura.

Um comentário:

Ricardo Novais disse...
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