segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dr.

A cólera enraíza na dor o néctar da fúria que aflora ao menor sinal de descontentamento.
Dias nascem no fervor do sol e morrem à sombra da lua. Não controlamos o dia. As horas, em sua rotação, independe da força do pensamento. A menor semelhança é a única atribuição que deus concedeu ao homem que os tornam próximos.
Esta tarde fui consultar o Dr. Clovis Medeiros. Médico experiente, que se dedica ao meu quadro clínico desde 1992.
Como todo bom médico, a sua primeira pergunta foi para saber como eu estava.
Estou descontente. Quantas vezes ao dia performance, em minha mente, diálogos que me fazem descrer no ser humano? A essência enquanto natureza morta é habitada pela verdade dos homens que se acidentam com suas mentiras, desfigurando o caráter.
Como posso estar bem, tendo a condição de provedora de um futuro alienado às condições impostas por uma nação de idiotas crentes da necessidade de evoluir ao custo do esgotamento da própria vida humana?
Como posso erradicar o câncer, se eu o vejo florescer nos semblantes de nossas crianças como em um jardim de rosas cálidas? Nossas crianças são filhas bastardas da pós-modernidade. Desamparadas em leitos solitários. Afugentadas do convívio do que as tornam verdadeiramente grandes. Presas em suas cavernas a convívio de sombras nas paredes.
-Dr. acho que estou morrendo. A minha doença é a apatia que abate esta geração. 

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