domingo, 8 de novembro de 2009

Mas que universidade hipócrita!

O zelo da vaidade traveste o desejo do belo como reflexo do corpo.
Quando o discurso frauda a verdade, a omissão torna-se a franquia mais importante da hipocrisia, e os homens se entorpecem pelo discurso da moralidade.
Por vezes, o meu Cabaret foi linchado pelos apontamentos, maus dizeres, palavras capazes de inundar o olhar frio do eterno capataz, carrasco, sociedade, com o sopro da lágrima mais que solitária.
Vejo nos noticiários e conversas das esquinas do âmbito virtual, o assunto sobre a inquisição de uma mulher considerada herege da moralidade.
O pecado que vestiu o seu corpo, não expôs o seu nu. Apenas excitou o eunuco a se curvar à sua encarcerada virilidade por imaginar tão delicada figura liberta de tudo que a cobre, desprendida de todo o seu pudor.
O que se viu nos corredores daquela faculdade, era a figura do eunuco multiplicada cem vezes. O que se viu foi a vergonha e o recalque perante o imaginário corpo nu.
Não, eles não são animais. Sim, eles são seres humanos cheios de suas mentiras, cheios de suas verdades equivocadas. Animais agem por instinto, devoradores de sua vontade consomem a carne por necessidade. Os homens são seres pós-modernos, bastardos da própria sexualidade.
E a instituição que deveria acolher a tal herege, se transformou no covarde tribunal inquisidor. O covarde júri foi à falta de decoro.
A mulher e seu traje já se queimaram na fogueira midiática da informação.  À universidade, cabe recolher as cinzas de sua vergonha e tentar se redimir da imagem medíocre do discurso falso moralista.                     

4 comentários:

Franklin Maciel disse...

Muito bom seu blog Parabéns

ana - hoje vou assim off disse...

Bravo! Muito bem escrito!

Beijos!

Ricardo Novais disse...

Excelente texto, o mais lúcido que li sobre este caso tão em voga na imprensa fútil.

Minha querida, que felicidade esta sua comparação com a inquisição e com as vestes desta moça sendo queimadas pela fogueira da mídia.

Ainda que eu ache este acontecimento, da tal universidade 'caça-títulos-nominais', irrelevante perante à prática recorrente e hipócrita que vemos nesta nossa sociedade; na qual, reconheço contrariado, que sou apenas uma manipulada peça engessada no tempo.

Talvez, por isto, eu também escrevo para registrar minha impotência num mundo de aparências.

Um beijo, minha querida!

Naiá Márjore disse...

Nunca imaginei existir uma Madame Cabaret tão lúcida e sábia na colocação de cada palavra aqui escrita.
Almejo um dia chegar a este nível.